CALEIDOSCÓPIO
DO CONTADOR DE HISTÓRIAS
1) Da Memória Afetiva
Diz
a memória,
Que
vem da história do contador de histórias,
Que
convém estar
distraidamente atento
Para
ouvir a voz da menina infância,
Que
traz, de longa distância
Um
balaio que mistura cheiros, sons e cantigas
Luz
que nos guia,
Sem
ensinar o caminho
Que
nos reconhece e nos abriga.
2) Do Silêncio
Diz o vento,
Que sopra de dentro do contador de
histórias,
Que o silêncio é nosso cúmplice
Quando
balança as folhas da árvore enraizada
Dentro
da gente
E
traz um sem fim de sons e mistérios
Que
só o contador conhece
3)
Do Olhar
Dizem
os olhos
Que
vem de encontro ao contador de histórias
Que
o conto mora nos olhos de quem ouve
E
vai desenhando as imagens e sons
Que
já aprendemos a ouvir
Antes
mesmo de a gente existir.
4)
Do Ritmo
Dizem
os sinos
Que
soam nas palavras do contador de histórias
Que
a música da história já vem com ela
Ressoa
na fala, no corpo e nas mãos de quem conta
Num
badalo ritmado a disparar
Que
acorda homens e meninos
E
faz ninar príncipes e heróis
Que
aguardam o seu destino
Sem
pressa de a história acabar.
5)
Da Escuta
Dizem
os ouvidos
Que
escutam a alma do contador de histórias
Que
convém ter prazer em ouvir
O
canto dos mais velhos, a avalanche de uma montanha
O
bater das asas de um beija-flor
O
fio de uma lágrima, de prazer e dor
As
vozes dos personagens e paisagens
Saídas
da boca de outro contador.
7)
Do Imaginário
Dizem
os sonhos
Que
vem de longe do contador de histórias
Que
é preciso provocar a imaginação
Inaugurar
o tempo e o espaço
E
voar com os pés pousados no chão
Brincando
com a fantasia
Que
repousa adormecida,
No
improvisar dos dias
Acordada
quando se diz
Era
uma vez
8)
A Escolha da História
Diz a sabedoria,
Que
acalma a sede do contador de histórias
Que
convém deixar que a história
Venha
ao nosso encontro
E
cortejá-la sem pressa
Para
que ambos estejam prontos
E
possam se reconhecer
A
cada vez que se conta
Sabendo
que mesmo conosco há muito tempo
Ela
nunca estará pronta
E
vai sempre nos surpreender.
9)
A Poesia do Contar
Dizem
os versos,
Que
vem aos ouvidos do contador de histórias
Que
convém brincar com trovas e rimas
Trazidas
do vento, de uma voz amiga
Soprados
pelos cantadores e poetas
Num
labirinto de linhas retas
Que
desde sempre gostamos de passear.
Giba
Pedroza e Lenice Gomes
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