"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo.
Todos nós sabemos alguma coisa.
Todos nós ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre".
Paulo Freire

Material de Apoio: Giba Pedrosa


CALEIDOSCÓPIO DO CONTADOR DE HISTÓRIAS

1) Da Memória Afetiva

Diz a memória,

Que vem da história do contador de histórias,

Que convém estar distraidamente atento

Para ouvir a voz da menina infância,

Que traz, de longa distância

Um balaio que mistura cheiros, sons e cantigas

Luz que nos guia,

Sem ensinar o caminho

Que nos reconhece e nos abriga.



              2) Do Silêncio

              Diz o vento,

             Que sopra de dentro do contador de histórias,

             Que o silêncio é nosso cúmplice

Quando balança as folhas da árvore enraizada

Dentro da gente

E traz um sem fim de sons e mistérios

Que só o contador conhece



3) Do Olhar

Dizem os olhos

Que vem de encontro ao contador de histórias

Que o conto mora nos olhos de quem ouve

E vai desenhando as imagens e sons

Que já aprendemos a ouvir

Antes mesmo de a gente existir.



4) Do Ritmo

Dizem os sinos

Que soam nas palavras do contador de histórias

Que a música da história já vem com ela

Ressoa na fala, no corpo e nas mãos de quem conta

Num badalo ritmado a disparar

Que acorda homens e meninos

E faz ninar príncipes e heróis

Que aguardam o seu destino

Sem pressa de a história acabar.



5) Da Escuta

Dizem os ouvidos

Que escutam a alma do contador de histórias

Que convém ter prazer em ouvir

O canto dos mais velhos, a avalanche de uma montanha

O bater das asas de um beija-flor

O fio de uma lágrima, de prazer e dor

As vozes dos personagens e paisagens

Saídas da boca de outro contador.



7) Do Imaginário

Dizem os sonhos

Que vem de longe do contador de histórias

Que é preciso provocar a imaginação

Inaugurar o tempo e o espaço

E voar com os pés pousados no chão

Brincando com a fantasia

Que repousa adormecida,

No improvisar dos dias

Acordada quando se diz

Era uma vez



8) A Escolha da História

               Diz a sabedoria,

Que acalma a sede do contador de histórias

Que convém deixar que a história

Venha ao nosso encontro

E cortejá-la sem pressa

Para que ambos estejam prontos

E possam se reconhecer

A cada vez que se conta

Sabendo que mesmo conosco há muito tempo

Ela nunca estará pronta

E vai sempre nos surpreender.





9) A Poesia do Contar

Dizem os versos,

Que vem aos ouvidos do contador de histórias

Que convém brincar com trovas e rimas

Trazidas do vento, de uma voz amiga

Soprados pelos cantadores e poetas

Num labirinto de linhas retas

Que desde sempre gostamos de passear.









Giba Pedroza e Lenice Gomes

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